Mãe Desnecessária o texto que toda mãe deveria ler

Tempo de leitura: 6 minutos

MÃE DESNECESSÁRIA

Sobre ser MÃE DESNECESSÁRIA

 

“A boa mãe é aquela que vai se tornando desnecessária com o passar do tempo.”

Falar sobre MÃES DESNECESSÁRIAS é preciso.

  • É falar sobre como educar filhos para serem felizes e autônomos…
  • É falar sobre como passar para frente experiências e conhecimentos e como aprender muito com os rebentos…
  • É falar sobre como dizer NÃO, para dar e ter limites…
  • É falar sobre como diferenciar a criação e o amor para cada filho, de forma aberta e múltipla…
  • É falar sobre como ser porto seguro para os filhos que, independentes, caminham a passos largos, com a certeza de que o amor de mãe, incondicional e infinito, sempre existirá…

Outro dia li um texto que falava sobre este tema: SER MÃE DESNECESSÁRIA.

Este texto que circula pela internet, com diversas autorias. A autoria mais provável é da jornalista Márcia Neder.

Claro que ao apresentá-lo à uma de minhas filhas, fui contestada em relação à minha concordância com o mesmo.

– “Como assim, mamis? Você jamais será desnecessária…”

E ela continuou, me dizendo do medo que tem de eu morrer antes dela…
Fiquei admirada diante desta constatação, pois eu dissera exatamente isso à minha mãe, com as mesmas palavras, há mais de cinquenta anos atrás, quando ainda era adolescente…

E lembrei-me do fato de eu ser “dependente” de minha mãe até vê-la hospitalizada, com infecção generalizada, à beira da morte, quando lhe disse brava: – “Morre não, mãe… Você não acabou de me criar ainda!” Ela prontamente reagiu à minha fala. Graças a Deus.

Estava com 31 anos e amamentando ainda minha quarta filha… Foi quando despertei de minha imaturidade e refleti muito sobre a responsabilidade de educar meus filhos e a mim própria no sentido da independência. Tentei, errei e colhi bons frutos!

Sempre fui muito, muito mesmo, preocupada em relação à educação. Lia muito, estudava e pesquisava muito, pois “NUNCA EXISTIU BULA PARA SER MÃE!” Ditado dito e redito através de gerações, com muita propriedade!
Nona de uma família de treze filhos, não tive a oportunidade de meus irmãos mais velhos que cuidaram de nós, aos mais novos. Eles tiveram a oportunidade de “treinar” o papel de educadores, antes de eles mesmos assumirem posteriormente o papel de pais e mães. Mas mesmo assim, tiveram muitas dificuldades quando foram criar seus filhos. Mas tiveram muito mais acertos do que erros.

E desta forma, destaco a necessidade de se criar filhos para serem cidadãos autônomos, confiantes e independentes, colhendo frutos da decisão de ser MÃE DESNECESSÁRIA!

A confiança depositada nos filhos é muito importante! Quanto mais se acreditar neles, quanto mais responsabilidade se cobrar deles, mais eles respondem positivamente, desde crianças. Isto os leva a traçar seu próprio caminho com mais certeza, tanto nos planos pessoal, espiritual e profissional. O fato de eles fazerem suas próprias escolhas os amadurecem e os fazem ser responsáveis pelos seus acertos e erros. As mães e/ou os pais têm este dever de conduzi-los no caminho do cortar o cordão umbilical, no sentido figurado.

Agora, difícil mesmo é dizer NÃO. Mas é imprescindível. Mesmo que nunca se tenha ouvido um não (há muitos exemplos assim…), os pais devem desenvolver a capacidade de colocar limites nos filhos e em si mesmos. Só há ganhos nesta empreitada. Se não soubermos dizer não em casa, não saberão reagir aos NÃOS que o mundo lá fora, volta e meia, nos oferece.
A família é a primeira escola da vida. E, desta forma, é dentro de casa que os cidadãos são formados, onde aprendem:

  • a respeitar e a serem respeitados;
  • a ouvir e serem ouvidos;
  • a apresentarem conceitos próprios e receberem ideias diferentes;
  • a colocarem opiniões, esclarecendo as questões concordantes ou divergentes…

A família deve ser um laboratório de experiências, um modelo preparatório para a vida lá fora. Se não ouvirem um não quando criança, a vida pode oferecer muitos nãos para os quais não estarão preparados.

A cada fase da vida, perdas e ganhos são inevitáveis. Erros e acertos serão cometidos. Tanto pelos pais como pelos filhos. Mas muita aprendizagem acontece também dos dois lados. A educação é via de mão dupla. Devemos ter a humildade de assumir este fato.

Valores de família passam a serem definidos e/ou modificados em relação aos conceitos de nossos avós. De maneira subliminar, muita coisa é repassada. O exemplo é o maior professor dos tempos.

O bom de tudo isso é que, mesmo que os exemplos não sejam bons, na maior parte das vezes os pais e os filhos conseguem ter discernimento para distinguir o que deve ou não ser firmado e/ou modificado…

Como foi importante eu ter a clareza da necessidade da “presença” do pai de meus filhos, mesmo estando “distante”. Tive um pai maravilhoso que, embora trabalhasse muito, deixou de herança muitos valores bons, exemplos de vida e de justiça, de respeito ao próximo, de lealdade e honestidade, de caridade e resiliência. Em função da carreira que teve, não esteve tão presente em quantidade de tempo, mas quando estava junto, fazia toda a diferença. Minha mãe ficou bem sobrecarregada em relação a colocar-nos limites. Daí, tivemos que aprender sozinhos e conseguimos modificar as linhas de conduta na educação de nossos filhos.

As gerações se renovam, se reinventam. A cada fase da vida, um momento de criação. A necessidade de despertar a criatividade nata de todos se faz urgente. Urge que se repassem os valores fundamentais que estabelecemos neste sentido: construção de cidadãos livres e independentes.

Aquela idéia de se colocar o filhote embaixo da asa e protege-lo de todos os perigos e perdas, cultura às vezes herdadas de nossos pais, deve ser banida.

“Se eu fiz o meu trabalho direito, tenho que me tornar desnecessária.”

Angela Maria de Melo Garcia

Graduada em ARQUITETURA E URBANISMO pela Escola de Arquitetura (1975) e mestrado em Arquitetura pela Universidade Federal de Minas Gerais (2002). Professora adjunta da Universidade Federal de Minas Gerais e professora efetiva da Escola de Arquitetura. Atualmente aposentada curtindo uma vida maravilhosa com meus 4 filhos e meus 3 Netos.

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