Você come comida ou alimento? Dicas para uma Alimentação Saudável

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Nos últimos tempos muitos estudos são realizados à luz das ciências nutricionais, visando devolver ao nosso dia a dia o consumo de alimentos mais saudáveis.

Com a vida agitada, mulheres muito mais fora de casa e uma agenda cheia de compromissos nossa alimentação é uma das primeiras coisas a serem afetadas.

Algumas pesquisas recentes têm apontado a enorme influência que o dinheiro exerce sobre a qualidade nutricional mas também o exemplo dos adultos dados aos mais jovens.

Como podemos melhorar nossa alimentação senão através da educação que recebemos?

Também é notório o aumento das pesquisas afim de descobrir qual a alimentação mais saudável para o organismo idoso, uma vez que o envelhecimento o torna mais vulnerável para o que se ingere ou… deixa-se de ingerir.

Por fim, também percebemos o quanto do psicológico está presente na hora de nos “alimentarmos” ou “comermos” alguma coisa.

Aliás, comer e alimentar são coisas bem diferentes para os estudiosos.

ALIMENTO X COMIDA

Nos parece que alimento é tudo aquilo que de fato nutre, reenergiza e fornece vida ao organismo. Os resíduos produzidos são reconhecidamente naturais e esperados.

Comida nos inspira a tudo que se relaciona com os aspectos sensoriais, cultura, tradições, influência social e quem nem sempre nutre o corpo.

Afinal, como escolhemos nosso alimento? 

De acordo com a psicologia existem estágios para a escolha do que se comer. São eles:

O USO: como reconhecemos o uso daquilo que é comível, se é doce ou salgado, cozido ou cru, fácil de preparar

A PREFERÊNCIA: a escolha é direcionada pela minha decisão pessoal

O GOSTO: o paladar, que manda muito quanto ao que se come. Aliás,  somos facilmente atraídos pelo paladar na escolha de algo. É o que pega nossa memória de infância, nossas emoções, enfim, mexe internamente e profundamente com a gente.

O CUSTO: o valor disponível para a troca do alimento quase que obrigatoriamente decide por ele. Nem sempre podemos comprar o que gostamos e preferimos mas sim, o que tenho no bolso.

Todos esses dilemas estão intimamente relacionados, pois todos estão ligados à quantidade de alimento disponível a qual diferentes grupos de pessoas, num determinado e, têm acesso.

O bem-estar material está relacionado à posse de muitos bens, incluindo muitos tipos de alimentos (Bell & Valentine, 1997).

COMO PODEMOS RECUPERAR A NATUREZA DOS ALIMENTOS EM NOSSOS PRATOS?

Esse tem sido um dos maiores desafios da sociedade contemporânea.

Pois devemos considerar o tempo para o preparo e o tipo do alimento disponível. Concordamos que o tempo é considerado escasso ou corre em alta velocidade e a vida majoritariamente urbana nos afastou das práticas da agricultura.

Assim, a vida vem se artificializando aos poucos, enquanto a população mundial aumenta e a produção de grãos começa a sofrer escassez.

Como economizar tempo no preparo das refeições e procurar as opções mais saudáveis para a família?

A forma de trabalho está modificando em prol de vários fatores. Um deles, a vontade de termos uma vida mais livre e aproveitarmos nossa família e amigos. Isto é possível muitas vezes trabalhando em casa.

Existem várias opções para isso:

  • fazer e vender produtos industrializados ou feitos por você
  • oferecer serviços digitais
  • montar um negócio em domicílio junto com a família

Para isso algo extremamente importante é prezar por uma agenda com horários bem distribuídos para tudo incluindo alimentação, descanso e atividade física. Pois ao contrário do que muitos pensam, é preciso disciplina ao se trabalhar em casa para não exagerar nas horas, já que a tendência é realizarmos uma jornada muito além das 8 horas.

Quais são essas opções mais saudáveis?

  • podemos separar um tempo na agenda para preparar os alimentos da semana (congelados, ou não)
  • criar o hábito de levar sua “lancheirinha” ao sair de casa por muito tempo
  • fazer uso de cereais, cacao, frutas secas
  • optar por açaí ou uma vitamina feita na hora em local confiável enquanto na rua
  • fazer uso das verduras e legumes já cortados no super mercado, desde que feitos no dia da compra
  • adicionar suplementos no dia a dia (como magnésio, vitamina B12, ferro, cálcio) informando ao seu médico para pensarem juntos quanto ao melhor pra você
  • fazer um canteirinho em casa para algumas ervas ou verduras (manjericão, alecrim, orapronobis, couve…)

COMO TER O PODER DE ESCOLHA SOBRE O QUE COMER?

Aqui terei que contar uma história.

Passei por uma transformação alimentar há 14 anos atrás e de lá pra cá, a cada dia, lido com situações das mais inusitadas possíveis.

Certa vez recebi um convite de um casal para uma palestra numa cidade do interior e fui recebida com muita gentileza e cerimônia. Fiquei hospedada em uma pousada onde seria o evento.

No momento do jantar, como se tratava de uma pousada, não me preocupei em dizer a eles como é minha alimentação.

Eles me chamaram e me aguardavam à mesa para comermos juntos. Ok! Não haveria nenhum problema pois via ali saladas cruas e chá.

Com um sorriso de boas vindas o casal mostrou-me o assento e foi logo pegando meu prato para servir o caldo que prepararam. Sou lactovegetariana por escolha e metas para mais qualidade de vida e desenvolvimento espiritual. Não como nem ovos, nenhum tipo de carne e nem alho ou cebola.

A sopa era vegetariana mas com muito alho e cebola. O que fiz?

Em primeiro lugar senti uma força enorme no meu propósito. Em seguida agradeci a gentileza dizendo que iria comer apenas salada.

O que aconteceu? O que jamais imaginei: muito bravos disseram grosseiramente “mas como assim?  pedimos pra preparar esta sopa pra você. Poderia ter nos avisado.”

O que respondi? Depois de um pouco de desconforto, mais uma vez fortaleci o meu propósito e calmamente disse: “não sabia que iria jantar com vocês, senão eu teria dito. De qualquer forma reconheço o carinho e agradeço a importância que me dão. Mas prefiro a companhia de vocês, independente do que temos ou não para comer.”

Talvez não tenha sido a melhor resposta. Mas o fato me fez sentir muito bem no dia seguinte. Muito mais forte!

Então digo que para termos poder de escolha sobre o que comer é preciso ter muita autoestima e amor próprio antes de tudo. E ser muito determinado a se proteger contra qualquer coisa que possa cortar o seu caminho.

Na verdade o respeito que o casal sentia por mim aumentou muito mais após compreenderem que as coisas que eu compartilhei na palestra estavam coerentes com o que eu praticava comigo mesma. Então reconheceram que não convidaram um xarlatão para falar para o público.

Por fim, todos saímos ganhando com a situação. E depois desse “desastroso jantar” me tornei capaz de dizer não para o que quer que não esteja dentro de meu propósito alimentar.

É incrível percebermos que “mesmo com todas as informações disponíveis na mídia sobre os alimentos com aspectos nutricionais negativos, pode-se pensar quantos “jeitinhos” e justificativas somos capazes de encontrar para não abrir mão dos prazeres, nem sempre saudáveis, da sua mesa tradicional.”

O FATOR PSICOLÓGICO

O comer tem ligação intrínseca e direta com o funcionamento emocional do indivíduo.

A comida está intimamente ligada, desde o nascimento, às experiências emocionais. Torna-se difícil, no ato de comer, separar o lado fisiológico do psicológico.

Quando se procura entender o papel desempenhado pelos alimentos na vida das pessoas, percebe-se que ele é não apenas uma fonte de nutrientes para a sobrevivência, mas também uma fonte de gratificações emocionais e um meio de expressar nossos valores e relações sociais.

De acordo com Ackerman (1992), a comida é grande fonte de prazer, um mundo complexo de satisfação, tanto fisiológica, quanto emocional, que guarda grande parte das lembrança da nossa infância.

Também é muito difícil separar as dimensões psicológicas das sociais e culturais quanto à aceitação ou rejeição dos alimentos. Estas últimas interferem com grande força em nossos hábitos alimentares.

Hoje percebemos o quanto estudiosos, profissionais e cientistas se empenham para associar saúde e qualidade de vida ao que se come.

Assim, os nutricionistas começaram a se aproximar das ciências sociais com o objetivo de entender porque as pessoas, mesmo conhecendo as regras, não as colocam na prática de suas dietas alimentares.

O homem não é apenas simbolicamente o que come (Lèvi-Strauss, 1991), mas também, literalmente, o que come pois a sua energia e a manutenção do seu sistema bioquímico dependem do alimento.

Percebe-se que muitas mulheres não são satisfeitas com o corpo, que o corpo magro ideal está dando espaço para o corpo gordo real, que os adolescentes estão sem referências saudáveis de alimentação para envelhecerem com mais qualidade de vida.

COMO SER EXEMPLO PARA A FILHOS, FAMÍLIA E SOCIEDADE?

  • Pratique sempre o consumo consciente: não faça comprar porque está com dinheiro. Aliás, nem pense em dinheiro. Pense em quais nutrientes você quer levar para a sua mesa.
  • Não compre pela marca ou beleza da embalagem. Compre pela importância nutricional. Prefira os mais naturais possíveis e frescos.
  • Se interesse por aprender sobre alimentos saudáveis, alimentos prejudiciais, nutrientes indispensáveis ao bem estar e saúde.
  • Como simples e de forma prazerosa deixando o alimento mais próximo do natural possível.
  • Aprenda a temperar de forma essencial afim de manter o sabor natural do alimento em destaque. Aprenda também a apreciar tais sabores naturais.
  • Convide as pessoas para comerem junto com você as coisas saudáveis e naturais que você come.
  • Enquanto se alimentando mentalize quanta saúde aquele alimento está oferecendo ao seu corpo e sinta-se bem.

Por fim, pare de enfatizar a comida como o único prazer na face da terra. Descubra outras fontes, preencha-se com atividades prazerosas e realizações pessoais.

Aprenda mais sobre você internamente  e reconheça seus valores sem depender do que os outros acham ou não da sua pessoa.

Quem tem poder de escolha é você, e não seu prato. E para sua saúde lhe ajudar a conquistar mais felicidade, os nutrientes são mais valiosos do que a aparência.

A não ser que você não deseje isso, permita ser escolhido ou escolhida pela sua comida.

Gal Rosa,

para a Equipe do Viver Ativo e Saudável

 

 

 

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