Exaustão emocional uma experiência frequente e muito pesada

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Exaustão emocional uma experiência frequente e muito pesada

 

O que me motivou a escrever sobre este assunto é o fato de ver como o tempo está passando rápido! Mais rápido do que eu poderia imaginar… E de como tenho coisas a falar comigo e com os filhos… Principalmente sobre SER FORTE A TODO MOMENTO…

Quando criança,

eu corria atrás das borboletas na fazenda… e atrás de meus irmãos meninos (era a única mulher no meio de oito homens…), para jogar bênti-altas e subir em rabeira de ônibus…

Quando adolescente,

eu corria atrás das melhores notas e de dar conta de duas escolas simultâneas (Escola Normal e Colégio Universitário)… Quando moça, corria atrás de fazer os melhores e mais detalhados trabalhos na Arquitetura (sou de família onde um dos principais valores era estudar e estudar e estudar)… Quando me tornei mãe, aí é que comecei a correr mesmo: quatro filhos em sete anos, sem parar de trabalhar.

Aos trinta e um anos,

resolvi abandonar a carreira como professora para cuidar dos meninos. Mas não quiseram aceitar minhas cartas de demissão (Graças a Deus! Só fui ver isso mais tarde…). Insisti na jornada tripla de trabalho (escola de manhã, mãe à tarde e arquiteta à noite). Era muito apertado e eu me exigia muito. Aí morava meu problema… Queria fazer tudo da melhor forma possível…

Resultado: PIFEI!

Três anos com depressão, difícil de suportar… COMO FOI MESMO QUE DEI CONTA DO QUE DEI CONTA?

Durante este período, muito aprendizado. Vi que a vida continuou. Contei com muita ajuda de meus próprios filhos (ainda crianças, que tiveram de amadurecer à força) e de meus familiares (de minha mãe e de minha sogra principalmente). Fui substituída na Escola por colegas amigos e solidários. Encaminhei meus clientes para parceiros de escritório. Alguns foram, outros me esperaram melhorar.

Conclusão:

Precisei chegar à exaustão para ver que não era insubstituível, que podia pedir ajuda, que podia contar com ajuda.

REALMENTE, NÃO É PRECISO SER FORTE O TEMPO TODO…

Que eu precisava ter tempo para mim mesma. Era carente de reconhecimento, carinho ou consideração suficiente. A sensação que tinha era de que o mundo esperava que eu me “rendesse” o tempo todo. Como se não tivesse necessidades, ou como se fosse mais forte que o resto e pudesse aguentar tudo. Ledos enganos…

“A exaustão emocional é um estado atingido pela sobrecarga de esforço. Neste caso, não falamos apenas de excessos de trabalho, mas também de assumir conflitos, responsabilidades ou estímulos emocionais ou cognitivos.
A exaustão emocional não vem de um momento para outro. Trata-se de um processo que ocorre lentamente, até que haja um ponto em que a pessoa entra em colapso. Essa quebra a submerge em paralisia, depressão profunda ou doença crônica. Ocorre um colapso na vida da pessoa, porque ela literalmente já não aguenta mais.” Maria Augusta Caliari

A MANIA DE PERFEIÇÃO sempre me perseguiu (já melhorei…). O não saber FALAR NÃO não me largava (ainda estou aprendendo…) A ignorância do NÃO SABER DELEGAR me perseguia (hoje já sei…). E SER FORTE A TODO MOMENTO É MUITO DIFÍCIL… É INSUPORTÁVEL. É IMPOSSÍVEL! E INDESEJÁVEL!

Mas hoje continuo me sentido ansiosa, porque hoje vejo meus filhos fazendo o mesmo. TÊM MANIA DE PERFEIÇÃO… NÃO CONSEGUEM DIZER NÃO… ASSUMEM TAREFAS E RESPONSABILIDADES QUE PODEM SER DIVIDIDAS… QUEREM FAZER E TER TUDO EM POUCO TEMPO, SENDO QUE LEVEI ANOS PARA CONSEGUIR…

Não estou conseguindo “educa-los”, apesar de já se sentirem “criados”… Sequer consigo acompanha-los… Muito estudo, muito trabalho, muitas atividades complementares? Diferente do meu ontem? Não… Mas com muito mais pressa, com maior complexidade, com mais competição…

SERÁ QUE AS HISTÓRIAS DE MEUS FILHOS SERÃO SEMELHANTES ÀS MINHAS?

É PRECISO QUE HAJA MUDANÇAS NO PLANETA!

Ser forte a todo momento nos induz à EXAUSTÃO EMOCIONAL. Não apenas ao cansaço físico! Há muito desgaste envolvido. Não precisamos fazer o melhor sempre! Precisamos fazer, mais sem perseguir a perfeição.

-“É melhor fazer mais ou menos, do que não fazer!”

Esta sabedoria me foi passada por irmã mais velha que carinhosamente me incentivou a entregar dissertação de mestrado sem medo de ser feliz

As mudanças devem começar por cada indivíduo. E assim a sociedade mudará. Se cada um fizer a sua parte, o mundo será melhor… A vida passa tão depressa e as pessoas cada vez mais estão absorvidas pelas preocupações materiais… Nunca têm TEMPO PARA SI, TEMPO PARA A FAMÍLIA, TEMPO PARA O LAZER e muito menos para o FAZER NADA… O ócio criativo só nos enriquece. Só quem o pratica é que sabe…

O trabalho é realmente necessário… A educação continuada também é fundamental… As responsabilidades são muitas…

Mas PARAR PARA PENSAR é mais do que necessário! Urge que as pessoas e alguns valores básicos mudem! É importante também entender que nada fica parado. E que toda hora é hora de fazer alguma coisa neste sentido. É preciso refletir e se ter clareza das necessidades e partir para a ação.

MUDAR É PRECISO, MESMO SENDO MUITO DIFÍCIL. A quebra de comportamentos inconvenientes existente e principalmente dos “erros” que se tornam “modelos” repassados pelas gerações anteriores é desejável. O homem e a mulher de hoje são muito diferentes dos de outrora. Isto é claro… Ambos estão sobrecarregados de tarefas fora do lar e ambos precisam dividir tarefas de casa. Também é claro. Mas tem equilíbrio faltando… Portanto, mudanças de valores e de ATITUDE são necessárias. Desta forma, não é preciso SER FORTE A TODO MOMENTO…

Outro item importante:

MUITAS VEZES TEMOS MEDO DE NÃO SERMOS AMADOS… E NÃO SABEMOS DIZER NÃO! OS LIMITES NÃO ESTÃO SENDO DEVIDAMENTE ESTABELECIDOS E/OU SEGUIDOS…
É sabido que as experiências de vida não podem ser repassadas. Precisam ser vividas. Mas não precisam ser vividas à semelhança das experiências de nossos pais. Muitas escolhas e decisões, certas ou erradas, são tomadas em diferentes fases da vida. Desde a infância, passando pela adolescência, pela fase adulta e na maioridade. E nem sempre são as melhores… Às vezes, os sonhos e os planos nem sempre são realizados da forma que foram idealizados. Mas podem sair melhores que o projetado. Mas mesmo assim, com projetos de vida bem idealizados, as pessoas continuam ansiosas, cansadas, sobrecarregadas:

  • chamando para si todas as responsabilidades do mundo…
  • assumindo todas as tarefas sem pedir ajuda…
  • complicando a vida, achando que devem correr atrás de modelos de pai ou de mãe…
  • competindo com o mundo, com os colegas, com os irmãos…
  • assumindo o consumismo, mesmo que inconscientemente…

O auto-conhecimento é o primeiro passo para correção de metas e para o prosseguimento de uma vida melhor. É preciso, portanto:

PARAR PARA PENSAR…

Fazer uma anamnese das vitórias e dos problemas, dos pontos fortes e fracos, dos acertos e erros e uma análise entre os diversos aspectos da vida (pessoal, familiar, social, profissional), obtendo-se elementos suficientes para definir um novo sentido de vida e um novo projeto de vida.

ACREDITAR NA VIDA…

De uma forma ou de outra, diante de um problema, o resultado foi o que foi possível! A culpa é uma coisa horrorosa e insiste em estar presente nas nossas vidas… Que culpa tenho se o outro gosta do azul, se eu gosto do vermelho? Confiar que tudo tem solução! Confiar em si mesmo e partir do princípio que todo mundo tem algo de bom para dar, um dom para ser despertado, uma capacidade a ser descoberta… e desta forma, administrar da melhor forma os projetos de vida (sejam eles individual, profissional, familiar ou social).

SIMPLIFICAR SEMPRE…

Isto devia ser ensinado desde sempre! As crianças são simples, por natureza. Mas dependendo da criação, tudo pode se tornar mais complicado do que realmente é. Fugir do consumismo, das comparações, ……..

DELEGAR E/OU PEDIR AJUDA…

Eu achava que era insubstituível. Pifei. Me senti inútil, pois as crianças continuavam caminhando, mesmo sem a minha presença. Claro que sentiam minha falta e eu sentia falta deles. Mas precisei parar, para escutar meu coração e respeitar minha vida. Depois de algum tempo, percebi que eu podia dividir com meus familiares algumas tarefas.

DIVIDIR RESPONSABILIDADES E COLOCAR LIMITES…

A má criação dos filhos, o mau desempenho no trabalho e até mesmo um plano frustado de viagem não devem ter apenas um responsável. Todos, familiares, colegas ou amigos, devem ser partícipes do planejamento e do projeto que desenvolvem, parando por um momento para refletir e melhorar a partir daquele ponto e reprogramar novamente e de novo e de novo…

Assumir os papéis possíveis…

Não impossível fazer dez coisas ao mesmo tempo. É preferível fazer apenas cinco, da melhor maneira que der. Se não der, assumir um papel apenas, em um momento, e um segundo, em outro, sem esquecer das circunstâncias do outro.
PRATICAR TUDO ISSO, SEM MEDO DE SER FELIZ… SEM MEDO DE MUDAR… E SEM MEDO DO NOVO…

É por isso que tenho pressa! Pressa? Mas para que ter pressa? A vida está passando sim. Mas eu já consegui atingir meu objetivo com este texto: coloquei em ordem, através da escrita, o que queria dizer a meus filhos. Vou encaminha-lo agora. Mas sem pressa! Vai dar tempo! Confio no tempo!

E VOCÊ? JÁ PENSOU OU PASSOU POR UMA EXAUSTÃO EMOCIONAL?

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