O Tempo: Sujeito Intrigante

Tempo de leitura: 10 minutos

Reflexões acerca do fazer, do foco e… da autorrealização!

Estamos consolidando cada vez mais o hábito de dizer e aceitar “que a vida está corrida”. Por vezes trocamos a palavra por “intensa”. Ou “vida agitada”. Também falamos do “tempo que voa”, “que não estamos vendo o tempo passar”.

O tempo é um objeto intrigante para a ciência quântica, que tenta explicar o que acontece entre um estado e outro de coisas. E não conseguindo… aceita-se o “fenômeno da existência” como uma possível explicação.

Ora! Simplificando, fenômeno é algo que não se explica e que existe, não é?

Pra mim, o Tempo é um fenômeno! Curiosíssimo, por sinal.

Sou filha de relojoeiro, profissão extinta nesta época hipermoderna e tudo o que aprendi com este fato foi “fazer perguntas”!

Sim! A arte de minhas vãs filosofias se deve ao meu pai. Um homem pontual, meticulosamente organizado, presente sempre.

Aprendi (observando meu pai) cada vez mais a me perguntar “o que estou fazendo aqui e qual é o meu lugar”. E acho que isso tem haver com a curiosidade que tenho, despertada em mim, sobre o Tempo.

Por vezes enquanto criança brincava sozinha imaginando que, no presente, eu estava em outro tempo, em outro lugar, desempenhando outras coisas (mais legais, por sinal!).

Entretia-me por longos minutos, talvez horas assim! De barriga pra cima no sofá ou olhando pro céu, da janela da sala.

O DELÍRIO DO UNIVERSO NAS MÃOS DE UM MÁGICO

Em uma das noites quentes de verão, nas quais nosso encontro de família se dava num tapetão jogado ao chão no quintal, depois de tantas histórias de meu pai todos se foram e me deixaram ali, pela minha vontade.

Adormeci vendo as estrelas, uma das minhas coisas prediletas.

Em meio a isso, sem compreender direito quanto tempo esse momento levou, sonhei com as Mãos de Deus na forma de mãos de mágico.

Mangas de um belo e brilhante casaco preto, com dobras em botões de uma provável bem passada camisa branca e luvas maravilhosamente colocadas, as quais de forma elegante sustentavam 2 enormes dados que ora flutuavam, oram retornavam para suas mãos.

As Mãos do Mágico do Universo!

Que jogavam dados em suas combinações aleatórias e assim me entregava todas as possiblidades de se viver. TODAS!

O universo todo em “furta cor” e eu mergulhada nele, perplexa e plena.

Esse sonho delirante me acompanhará para sempre, sinto eu. Pois todos os obstáculos que enfrento sempre me lembro de todas as possibilidades que Deus me deu naquele dia.

Com todas as possibilidades, a felicidade não pode ter limites. Logo… a tristeza passa a ter seu tempo contado assim que me vejo em situações difíceis.

Cresci, olhando para o tempo de forma diferente que meus demais colegas. Era como se o tempo fosse meu e assim, pudesse fazer dele o que eu quiser.

Esse é o meu 2º delírio: “o tempo é meu e posso fazer dele o que eu quiser!”

ONDE ESTOU E O QUE DEVO FAZER

Se nos colocarmos, não somente a “olhar”, mas principalmente a “observar” o mundo físico, somos naturalmente levados a observar mais e mais seus detalhes pormenores.

Pois as coisas se relacionam pelas suas “pormenoridades”.

Ao querer a resposta para a pergunta “onde estou” obrigatoriamente tenho que simplificar tal pergunta entendendo suas milhares de possíveis respostas.

Estou em um mundo, dentro de um continente, num país, num estado, numa cidade, num bairro, numa casa, numa família, em mim.

Para cada lugar desse tenho uma resposta. E a lógica me leva a compreender que todas elas juntas têm que fazer sentido.

De igual forma, me refiro à pergunta “o que devo fazer”. E as duas juntas, têm que se complementar.

Pois “estar” e “fazer” têm que fazer sentido. E esta (pra mim) é a lógica do tempo. E estas duas condições me colocam diretamente conectada com a Vida.

Tempo é Vida. E Vida é “estar e fazer”. Logo, Tempo também é estar e fazer.

Aos dois nomes juntos chamo de “existir”. Tempo e Vida se casaram para a “Existência”. E juntos tiveram uma filha que se chama Eternidade.

(Que Aristóteles nem Heidegger leiam meu modo simplista de olhar para a metafísica. Mas quero ser mais prática do que filosófica para uma reflexão que facilmente nos abstrai. Isto é, se eu conseguir.)

Saber responder a estas duas perguntas de forma lógica e consensual nos dá como retorno senso de utilidade, propósito e identidade.

Ao me perguntar isso todos os dias, asseguro uma caminhada firme, determinada e assim, cheia de realizações.

Pois realização é a conquista de quem é determinado.

REFLEXÕES

Por tanto, onde você está agora?

Responda em um papel sobre todas as suas posições existenciais. Planeta, continente, país, estado… até chegar “em mim”.

Em seguida pergunte-se: e o que faço a partir de onde estou?

Ou seja, como desempenha sua vida. Faça uma nova lista e sinta o que de fato faz sentido fazer. E o que não fizer, decida: continuar? Abortar o esquema?

Tome consciência do que de fato realmente importa em sua vida e aí sim, leia sobre o “poder do foco”.

Não perca seu tempo com foco naquilo que não tem certeza. E muito menos deixe de viver intensamente porque precisa “manter o foco”. Isso pode te levar a se tornar rígido demais.

ETERNIDADE: A FILHA DO TEMPO E DA VIDA

Se não há ciência capaz de fazer o tempo parar, nem voltar, nem avançar… o Tempo se torna indestrutível.

Isto é, no meu raciocínio!

O Tempo se transforma em Eternidade quando entendemos que temos algo a fazer com ele (e nele!): viver!

Caímos num pensamento dialético: não existe fim para o Tempo, logo… não existe fim para a Vida. Portanto, viver e morrer podem ser sinônimos, pois ambos fazem parte da vida.

Logo, está tudo certo! Eu não perco nada e você também não.

E assim a vida pode fluir naturalmente. E a Vida (com V maiúsculo também). Sem necessitarmos de competir para sermos melhores que os outros, mas sim para sermos cada vez melhores!

QUANDO O FOCO FOGE AO EU…

(que foco é esse?)

Cada vez mais estamos ouvindo falar da necessidade de foco, foco, foco. Aceito que de fato abrimos muitas “abas” de uma vez só, querendo resolver todos os problemas que elas apresentam, ao mesmo tempo.

Mas também percebo que as pessoas estão criando foco em coisas que não fazem tanto sentido para o aprimoramento pessoal, mas sim, para o destaque que elas podem ter frente ao outro.

Tantos focos importantes… menos foco no EU.

Foco no projeto, foco no seu sonho de consumo, foco no trabalho, foco para não perder dinheiro, foco para que o filho preserve valores de família num mundo tão avesso… sem falar que também há o foco na maldade, nos prazeres por prazer, na felicidade egoísta apenas.

E se as coisas se relacionam nas suas “pormenoridades”, o verdadeiro foco deve ser no EU enquanto ser este EU sua parte mais natural, única, autêntica.

É através dele que flui a criação, única, verdadeira. E então tudo se resolve pois as relações a partir das “pormenoridades” do EU vão combinando lindamente entre si.

Umas atraindo outras de natureza complementar e um dia você se vê sendo feliz “sem precisar das coisas que as quais um dia achou que precisaria”.

Pois ser feliz é questão de compreensão pura e vivência pessoal. É você com você.

O TEMPO QUE FOGE AO FOCO

(que tempo é esse?)

Ao focar em algo específico em sua vida, você está dizendo “Não!” para um monte de outras coisas. E dizer “não” para inúmeras possibilidades tem que ser tarefa para gente muito consciente.

Porém há algo muito interessante fora do centro, fora do foco. Fora do foco há todas as possibilidades do “jogo de dados” que citei. TODAS!

E esse tempo paralelo que existe enquanto você dá vida para o foco, deve ser levado em consideração. Você precisa dele sim. Precisa dele para ter jogo de cintura, flexibilidade, deixar vir a criança interior brincar na luz do sol, por altruísmo, por bondade.

É um tempo livre, um tempo solto que te chama ingenuamente a compartilhar com ele sua parte mais pura, sua parte espontânea.

Portanto, permita que ele exista para sentir-se livre e autêntico em sua vida. Respire… e Relaxe!

E jamais deixe o foco te oferecer rugas e mau humor porque na verdade você gostaria mesmo era de estar fazendo outra coisa.

Foco para mim deve ser um artigo de prateleira. Pego quando quero. Uso quando preciso, mas não durmo com ele.

Prefiro ficar com o “Tempo” e todas as suas combinações possíveis e coloridas.

Não seja escravo do “foco” mas seja “imperador de sua mente”.

O exercício fica mais fácil quando exercito-me “viver naturalmente”.

COMO VIVER NATURALMENTE

Vivo naturalmente quando uso o tempo a meu favor. Não que eu esteja o colocando contra ninguém. Mas apenas o coloco a meu favor.

Creio piamente que todos nós temos uma matriz pura, limpa, íntegra, forte e muito particular de cada um. Uma exclusividade!

A vida natural proporciona a expressão pura, sem manchas ou cópias, ou espelhamentos. É um terceiro delírio que tenho (pois todos nós vivemos copiando uns aos outros!).

Nessa perspectiva nunca serei capaz de sentir que estou “perdendo tempo”.

POIS O QUE SIGNIFICA PERDER TEMPO?

Perder a conexão com você mesmo e assim com tudo que está conectado a partir de você, do jeito que te faça sentido viver.

Não é verdade que o que nos faz sentir bem é sermos aceitos no grupo, sermos parecidos na moda e regras… não. Você pode se sentir bem sendo esquisito. Pois tudo depende de um ponto de vista!

O que nos faz sentir bem é sermos autênticos, únicos, diferentes e acima de tudo merecermos nossas “próprias melhores considerações” e feedbacks.

FORMAS DO TEMPO

PERNICIOSO: é todo aquele tempo em que se pensa de forma negativa e desnecessária. Esse tempo MATA A VIDA.

OCIOSO: é todo aquele tempo livre onde os pensamentos são despretensiosos, contemplativos e soltos. Esse tempo DESCANSA.

CRIATIVO: é todo aquele tempo em que você está conectado com o melhor de si e mantém pensamentos interessantes, atrativos, elevados e envolventes em sua mente. Esse tempo REENERGIZA.

PRODUTIVO: é todo aquele no qual sobrecai os pensamentos ordenados para o agir, para a execução do que se pensou no tempo criativo. Esse tempo CONSTRÓI.

Observe-se com qual dos tempos você passa a maior parte do dia pois pode ser perigoso ficar muito tempo com o tempo pernicioso.

Na verdade ficar muito tempo com um tempo só não é nada saudável.

Mas, ok! Identificar se há um equilíbrio dentre as coisas que se pensa, o que se produz e como se sente com seus resultados é o que de fato poderá lhe valer a pena.

E para valer a pena aprendi uma fórmula mágica e simples que diz:

“Vale a pena pra mim, mas tem que valer a pena pro outro e pro mundo também.”

Assim realizo-me mais na vida sendo útil e com propósito.

Aproveite o tempo enquanto é tempo e se autorrealize a cada segundo!

 

Abraços mil!

Gal Rosa do A Terceira Idade.net

para o Viver Ativo e Saudável

 

 

 

 

 

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